Passeio às orquídeas

28/03/2015. Passados quase seis meses voltei ao Alentejo. À margem esquerda do Guadiana.

Convidaram-me para um passeio na Serra da Adiça, com antigos colegas, agora bons amigos. O passeio foi dedicado às orquídeas, que encontram neste conjunto de serras baixas terreno fértil para se mostrarem. Aqui, as orquídeas aparecem principalmente nas partes mais elevadas, misturadas com outra vegetação natural. As áreas mais baixas e planas são usadas para olivicultura. E esta zona de Moura é bem conhecida pelo seu azeite. Ainda que sejam olivais tradicionais, parte da sua gestão corrente consiste em remover toda a vegetação que possa competir com as oliveiras por água e nutrientes (lavrando a terra, ou com produtos químicos). Portanto é muito improvável conseguir ver orquídeas nos olivais. Mas nas partes altas, demasiado ingremes para alguma vez terem sido plantados, ou com olivais abandonados por se tornarem ingeríveis, a vegetação original, nativa e mediterrânica abunda. Neste dia passámos por azinheiras, carrascos, aroeiras com três metros, medronheiros, alecrins e alfazemas, lírios e vários outros. E claro está, orquídeas! Um simples passeio de 10km deu pelo menos 10 espécies diferentes! Algumas cobrindo áreas mais extensas, outras aparecendo aqui e ali. Das cerca de 70 espécies existentes em Portugal, os especialistas dizem que cerca de 27 ocorrem nas serras de Belmeque, Adiça e Ficalho. Este é de facto, um dos excelentes locais em Portugal para se observar orquídeas. Incluindo a rara Orchis collina.

Apesar de estarem presentes um pouco por todo o país, as orquídeas dão-se melhor em terrenos calcários e ocorrem em maior abundância na Serra de Aire e Candeeiros, a Serra de Montejunto, a Serra da Arrábida e as serras Algarvias (Monchique e Caldeirão). Estes são, por isso, outros excelentes locais para a observação destas plantas.

Durante a caminhada lá íamos parando sempre que aparecia uma espécie nova, ou um exemplar particularmente bonito. A identificação de que espécie estaríamos a observar por vezes demorava, e muitas dúvidas só foram esclarecidas quando chegámos a casa. Mas o desafio não tornava cada flor menos bonita por isso. Ainda antes de almoço, chegamos ao topo da cumeada irmã da Adiça – o Álamo – e a vista perde-se pela paisagem Alentejana. Muitos olivais, mas também prados, pastagens, aldeias e gado. Ao longo do dia tivemos ainda a companhia de várias aves de rapina, como Águias-cobreiras, Águias-calçadas e Águias-de-Asa-Redonda. Já perto do final, encontrámos uma bonita pegada de texugo.

O nosso guia do dia foi o meu amigo Jorge Candeias, que organiza passeios não só na Serra da Adiça, mas um pouco por todo o Baixo Alentejo. Recomendo-o, como bom conhecedor da zona, caso queiram observar orquídeas, aves, ou apenas fazer uma caminhada. Caso queiram saber mais sobre a Serra da Adiça, vejam o blog do Ivo Rodrigues, entusiasta da região. Para orquídeas, recomento o grupo Orquídeas Silvestres de Portugal no facebook. Agora, vão á procura delas!

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